domingo, 26 de junho de 2011

Um artista do tênis chamado Mansour Bahrami

O nome dele não está na enquete lançada recentemente pelo UOL, respeitado portal da internet, que busca saber quem é o melhor tenista da história. Mas isso definitivamente não quer dizer nada! Porque ele é, sem dúvida, um fenômeno vivo!

Estamos falando do tenista profissional Mansour Bahrami, iraniano, nascido em 26 de abril de 1956 e que acumula uma carreira de mais de 30 anos de grandes jogadas.

A fama foi conquistada ao longo do tempo, por ter jogado e vencido nas melhores quadras e torneio do mundo, incluindo Wimbledon e o Aberto da França, chegando a alcançar o 192o lugar no ranking mundial da ATP. Mas sua consagração mundial mesmo veio das apresentações de tenis-show que sempre fez em quadra e o elevou ao patamar de artista do esporte.

Hoje, ele dedica pelo menos 40 semanas do ano jogando torneios de exposição em que a sua gama de jogadas incomuns e de tirar o fôlego entretem e levam grandes platéias ao delírio. No video abaixo, é possível assistir algumas das apresentações mais interessantes desse grande ídolo.



MAIS SOBRE MANSOUR BAHRAMI

Infância difícil
O tênis faz parte da vida de Mansour Bahrami desde muito cedo. Membro de uma família muito pobre, ele ele vivia com seus pais e dois irmãos em Teerã, Irã, numa pequenissima sala de concreto, em condições quase sub-humanas. A vida dificil levou-o às quadras de tênis quando tinha apenas 5 anos para trabalhar com pegador de bola. Mal sabiam todos que ali estava nascendo, na verdade, um dos maiores destaques do esporte.

O amor e a vontade de também jogar tênis só crescia mas ele não tinha condições financeiras de ter sua própria raquete. Isso, contudo, não foi um impeditivo para ele. Bahrami improvisava com frigideiras velhas e, a cada intervalo do trabalho, ele aproveitava para treinar e fazer com suas próprias mãos e braços o que ele via grandes jogadores fazendo nas quadras.

Anos mais tarde, Bahrami muitas vezes comentou que sua capacidade de fazer jogadas e shotmakings brilhantes veio da prática do esporte com instrumentos tão incomuns incomuns.

Quando completou 10 anos, Bahrami ganhou de presente de seu ídolo, o também iraniano Sheezdad Akbari que fez história na Copa Davis, sua primeira raquete, uma Dunlop Maxply. Mas a alegria não durou muito tempo. Pouco tempo depois, o tênis foi proibido no Irã.

"Eu era apenas pequeno mas ainda me lembro do calor. Eu estava brincando de jogar tênis numa quadra de Teerã quando, de repente, fui cercado por guardas. Eles começaram a me bater e logo eu estava sangrando por todo o corpo. E, o pior de tudo, eles quebraram a minha raquete", conta Mansour Bahrami.

Início de Carreira
O tempo passou, as dificuldades aumentavam mas a dedicação ao tênis continuou, ainda que a brincadeira tivesse de ser restringida aos fundos de quintais apenas. No início dos anos 70, a Federação de Tênis iraniana não tinha como negar: o país tinha um prodígio adolescente em seu meio, e Bahrami foi finalmente autorizado a jogar em uma quadra de tênis. Seu talento evidente o levou à equipe que participou da Copa Davis, na época com apenas 16 anos.

Com a Revolução Islâmica no Irã, no final dos anos 70, o tênis passou a ser visto como um esporte elitista e capitalista. De novo, Bahrami foi obrigado a ficar longe das quadras, que foram todas fechadas. O desespero o levou a fugir para Paris, graças às economias que havia conseguido juntar e principalmente graças à ajuda de amigos.

Em terras francesas, retomou seus treinos e logo se tornou um dos jogadores de duplas de mais sucesso. Em parceria com Eric Winogradsky, venceu o Aberto da França em 1989, com jogadas incríveis que deixaram a platéia realmente boquiaberta.


Consagração profissional

Em 1993, quando o Champions Tour foi criado para jogadores com idade superior a 35 anos, Mansour Bahrami entrou na melhor fase de sua carreira, e começou a escrever sua história de consagração mundial. Jogando em dupla com talentos memoráveis como Jimmy Connors, Bjorn Borg, Yannick Noah e John McEnroe, o iraniano conquistou o status de estrela do tênis. Seu melhor resultado no tour sênior até agora foi a conquista do ATP Champions Tour, em evento de Doha, Qatar.

Seu talento e a vontade incontrolável de dar show em quadra eram cada vez mais latentes. Muitas vezes, ele chegava até a perder nas primeiras rodadas de torneios de singles, justamente por causa de sua tendência de usar truques e voleios brincalhões.

Mas tanta proeza e estilo lhe renderam mais do que fama e reconhecimento. Recentemente ele lançou um DVD que conta sua trajetória e dá dicas de jogadas impressionantes. E, já há quase dez anos, trabalha apenas fazendo jogos de exibição em todo o mundo.

O talento é nato e notório. Nada disso, entretanto, supera seu senso de humor, que abrilhanta as quadras e inebria multidões enquanto aguardam atentas e ansiosas por seu próximo movimento -- que pode ser um de seus saques de efeito, drop shots, grand willies por entre as pernas, os famosos saltos para trás por cima da rede, usar o antebraço para servir, manter até seis 21 entre os dedos de uma única mão), jogar a bolinha para cima e encaçapá-la direto no bolso, ou ainda brincar de fazer um smash imaginário em slow motion.

Seja onde e como for, ele mostra aquilo que de melhor sabe fazer: dar show com a raquete e a bolinha de tênis!