Quando abriu uma vantagem de 2 x 0 no primeiro set contra Novak Djokovic, o espanhol Rafael Nadal, número 2 do mundo, já dava todos os sinais de que lutaria como leão contra o número 1. E o público logo percebeu que a partida final do US Open 2011, o último Grand Slam do ano, poderia ser tudo, menos fácil e monótona.
O Arthur Ashe Stadium, em Nova York, estava lotado, milhões de TVs no mundo inteiro acompanhavam a disputa e, no Brasil, nem a premiada novela Cordel Encantado foi suficiente para conter o interesse dos muitos fãs e seguidores do esporte. Ponto pro tênis que hoje já se consolida como segundo mais rentável em marketing esportivo.
Na quadra, durante as 4h10 de jogo, a disputa de pontos foi intensa, emocionante, acirradíssima. As bolas eram trocadas e lançadas com velocidade de até 190km/h e os dois maiores nomes do tênis mundial, dando show de técnica e desempenho, não escondiam o quanto queriam aquele título.
O espanhol levou vários 'banhos' do Nole Djokovic, é verdade, mas se superou e renasceu para a disputa repetidas vezes, com jogadas memoráveis. No entanto, a noite era mesmo de Djoko, que, numa fase incrível de sua carreira, mostrou mais uma vez porque é o maior do mundo do tênis em 2011.
Essa foi a sexta vez em seis confrontos nesta temporada que ele venceu seu rival Rafael Nadal, garantindo o troféu do US Open 2011, o quarto Grand Slam de sua carreira. Além de coroar o ano esplêndido que está tendo (ele venceu 64 de 66 jogos disputados), essa vitória teve um gostinho a mais para Nole, já que, na final do ano passado, ele havia perdido o título para o mesmo espanhol. Nos anos anteriores, Djoko estava sempre correndo atrás do suíço Roger Federer e do próprio Nadal -- os dois que ele desbancou respectivamente na semi-final e na final deste Aberto dos EUA, e a quem também superou para assumir a liderança do ranking da ATP em 2011.
Disputa ponto a ponto
O placar final de 3 sets a 1 para Novak Djokovic sobre Rafael Nadal, com parciais de 6-2, 6-4, 6-7 (3), 6-1, definitivamente não consegue traduzir o espetáculo que foi a final do último Grand Slam do ano. Nadal começou o duelo melhor e quebrou Djokovic logo no segundo game do jogo. Mas o tenista sérvio conseguiu se estabelecer na partida e venceu o primeiro set de virada por 6-2.
No segundo set, Nadal abriu 2 x 0 de novo, mas errou bastante, deixando várias bolas na rede. Quando o espanhol sacava para confirmar a quebra, os dois tenistas jogaram um game equilibradíssimo, até que o sérvio devolveu o breakpoint e empatou a segunda parcial em 2 x 2. Nadal ainda conseguiu alcançar o adversário e empatar em 4 x 4 mas Djoko precisava fazer muito menos esforço para suas bolas andarem muito mais. Sem dar brechas ao espanhol, fechou o segundo set em 6-4 com uma bola simplesmente sensacional.
Rafael Nadal voltou servindo para o terceiro set e parecia estar 'virado no giraia', como mencionaram alguns comentaristas esportivos durante a transmissão no Brasil. Prova disso foi a vitória fácil do primeiro game, que chegou a 40 a 0, e foi coroada com um belíssimo ace. Usando um misto de força, sensibilidade e ótimas bolas no fundo e na rede, Djoko quebrou o saque de Nadal e marcou 2 x 1. Nesse momento, os relógios já marcavam 2h17 de jogo.
Garra era o sobrenome do jovem Rafael que não entregou os pontos, buscava forças sabe Deus onde para se manter firme na disputa, e demonstrou uma recuperação tão sensacional quanto estava a partida até aquele momento. Esforço recompensado. Ele empatou em 6 x 6, levou o set para o tiebreak e venceu lindamente por 7 x 3. Mais de 3h e Djoko vencia por 2 sets a 1.
Por conta de uma forte dor nas costas, o sérvio recebeu atendimento de um fisioterapeuta antes de entrar para o 4o set e, durante os primeiros games, por várias vezes, demonstrava desconforto físico, levando a mão à região dolorida. Na virada de lado, após o primeiro game, o número 1 do mundo pediu a presença do fisioterapeuta de novo. Mãos de fada? Talvez. O que se sabe é que Djokovic voltou pro jogo firme e mais forte, quebrou o saque de Nadal, abriu 3 games a 0 e, não disperdiçou o breakpoint. Fechou o jogo e garantiu com maestria o primeiro título do US Open de sua carreira.
Honrarias à parte, ele também levou, nada mais, nada menos, que cerca de U$ 5 milhões em dinheiro -- sendo U$ 2,3 milhões pelo prêmio principal e o restante em bônus garantidos por contratos com seus patrocinadores. Nada mal!
Nadal fala sobre seu esforço e desempenho frente ao número 1 do mundo